Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de J&Cia no Rio de Janeiro
O repórter fotográfico Evandro Teixeira morreu nessa segunda-feira (4/11), aos 88 anos, no Rio. Ele estava internado na Clínica São Vicente, na Gávea, na Zona Sul, por uma pneumonia, e teve falência múltipla de órgãos. Evandro deixa duas filhas, Carina Almeida e Adryana, da agência Textual. O velório, nesta terça-feira (5/11), vai até as 12h, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro (Palácio Pedro Ernesto, Praça Floriano, s/nº, Cinelândia).
Nascido no interior da Bahia, filho de fazendeiro, mudou-se para a cidade de Jequié, para continuar os estudos. Trabalhou no jornal local e com o salário comprou sua primeira câmera. Transferiu-se para a cidade de Ipiaú, onde aprendeu fotografia com Teotônio Rocha, primo de Glauber Rocha. Com o trabalho no jornal local, comprou sua segunda câmera, uma Polaroid.
Aos 19 anos, foi para Salvador e lá fez um curso de fotografia por correspondência com José Medeiros e trabalhou como estagiário no jornal Diário de Notícias. Já no Rio de Janeiro, depois de estágio no Diário da Noite, começou em 1963 no Jornal do Brasil. Lá esteve por 47 anos, até 2010, quando a edição impressa do jornal deixou de circular.
Em 1964, quando ocorreu o golpe militar, Evandro conseguiu entrar no Forte de Copacabana e registrou a chegada do general Castello Branco. A foto, publicada na primeira página do JB, foi um marco na história política do País.
Em 1968, cobriu manifestações do movimento estudantil no Rio de Janeiro e a repressão. Imagens icônicas dessa época são do confronto de estudantes e policiais a cavalo no Centro do Rio e a chamada Passeata dos Cem Mil. Para seu livro 1968 Destinos 2008. Passeata dos Cem Mil, montou uma equipe que entrevistou remanescentes da passeata e ouviu suas opiniões sobre a participação.
Seus registros de eventos marcantes da história brasileira e mundial incluem o golpe militar que derrubou Salvador Allende no Chile, em 1973, e a comoção popular com a morte do poeta Pablo Neruda. Por diversas vezes, visitou o cenário da Guerra de Canudos, no sertão da Bahia, e suas imagens resultaram no livro Canudos: 100 anos.
As fotos de Evandro integram acervos de museus em Zurique, na Suíça, e na Colômbia; o Masp, em São Paulo, do MAM e do MAR, ambos no Rio. Seu livro Fotojornalismo está na biblioteca do Centro de Artes George Pompidou, em Paris. Seu currículo está na Enciclopédia Suíça de Fotografia, que reúne os maiores fotógrafos do mundo. Entre os prêmios recebidos, estão os da Unesco, Nikon e da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). Uma homenagem que o emocionou foi o poema de Carlos Drummond de Andrade Diante das fotos de Evandro Teixeira.