Um dia depois de Joinville registrar sua milésima morte por Covid-19, a grande repercussão na cidade do norte catarinense ficou por conta da capa de sexta-feira (2/4) do jornal ND. Abaixo do número total de mortos (1.005) e de casos recuperados (70.865), o jornal trazia uma mensagem de otimismo, que ignorava o tamanho da tragédia: “Temos motivos para comemorar”.
A publicação, que pertence ao Grupo ND, o mesmo que retransmite a Record TV em Santa Catarina, é conhecida por adotar uma postura de amenizar os impactos da pandemia, destacando os “lados positivos” do drama.
No texto não assinado na página 3, o jornal seguiu contemporizando a marca simbólica: “Contudo, o cenário também pode ser visto de forma positiva, pois mais de 70 mil pessoas contraíram a doença e estão recuperadas”, destacou o texto, publicado ao lado da foto de um bebê de sete meses, a vítima mais jovem de Covid-19 na cidade. “O cenário em uma pandemia geralmente é de caos. O número elevado de mortes todos os dias assusta e, muitas vezes, deixa a população em pânico. Mas há formas de enxergar o problema positivamente”, completa.
Após a péssima repercussão gerada pelo caso, o ND publicou um editorial em sua edição de sábado (3/4), em que justificou seu posicionamento, porém sem reconhecer ter cometido um erro. O que houve, na visão do jornal, foi um problema de interpretação dos leitores. “A citação ‘comemorar’, que ganhou destaque na capa da edição, foi interpretada de forma equivocada em relação à marca das 1.005 mortes registradas no município. Os dados se misturaram, já que a matéria principal do jornal digital é clara em relação aos casos de pacientes que consideram um milagre sair da UTI”, diz o texto.
“Tivemos a intenção de mostrar aos leitores do ND Joinvile que, apesar do número expressivo de óbitos na maior cidade do Estado por causa da covid-19, hoje epicentro da doença, havia também um número significativo de recuperados e que esse dado é motivo para renovar as esperanças de quem ainda não está vacinado e corre risco de vida”, completou o editorial.
* Com informações de Maurício Stycer, pala o Splash