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terça-feira, novembro 26, 2024

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Dimmi Amora ? No lugar certo e na hora certa

Para quem defende que o bom jornalista é aquele que está no lugar certo e na hora certa, o repórter da Folha de S.Paulo no Distrito Federal Dimmi Amora pode servir como um ótimo exemplo. Em mais um ano vitorioso para a publicação paulista, que em 2013 já havia recebido o título de veículo mais premiado do ano, Dimmi foi nome comum em três reportagens de impacto, que resultaram em diversos prêmios nacionais e internacionais. Na primeira, publicada ainda no ano passado, ao lado de Cátia Seabra, Flavio Ferreira e Julianna Sofia, ele ajudou a desvendar como funciona o cartel ferroviário brasileiro na reportagem Fora dos Trilhos. Com ela conquistou prêmios no próprio ano de 2013 – CNH de Jornalismo (categoria Jornal) e o Grande Prêmio CNT – e em 2014 – Folha de Jornalismo (categoria Reportagem) e SIP (Cobertura Noticiosa). “Foi um trabalho que surgiu após uma operação do Cade sobre as empresas do cartel”, explica Dimmi. “Nossa equipe conseguiu os primeiros documentos que revelavam a formação de preços por essas companhias nessa operação. Com extremo cuidado, trabalhamos para obter mais provas de que esse cartel beneficiava grupos políticos e essa informação só foi publicada quando tínhamos elementos suficientes para demonstrá-la”. Em 2014, veio o bicampeonato do Grande Prêmio CNT, desta vez com a reportagem Entupiu, mas pode melhorar, que discutiu os problemas de mobilidade em São Paulo após os protestos de junho de 2013. “Foi um trabalho que surgiu na editoria de Cotidiano e agregou alguns dos melhores profissionais de áreas diferentes do jornal, como saúde, engenharia etc., para falar sobre o impacto do transporte na vida das pessoas, com um resultado de alta qualidade”. No total, 15 profissionais participaram da produção do caderno especial. Mas o grande reconhecimento viria mesmo com um trabalho que levou dez meses para ficar pronto e envolveu 19 profissionais de diferentes editorias do jornal: o especial multimídia A batalha de Belo Monte, que já recebeu cinco prêmios, o que lhe está valendo o título de a mais premiada reportagem do ano. Foram eles os Grandes Prêmios Folha, Libero Badaró e CNI, e os internacionais SIP (Cobertura Multimídia) e Wash Media Awards (Água e Energia). “O projeto começou a ser desenhado um ano antes do trabalho de campo, sob a coordenação de Marcelo Leite e Vinicius Mota. Reunimos o maior número possível de informações e aí seguimos em cinco jornalistas para um período de quase quinze dias na cidade de Altamira (PA), com a missão de investigar os efeitos da construção. Toda a equipe mobilizada nesse projeto assumiu ainda o desafio de produzir uma grande reportagem nas diversas plataformas editoriais, o que acabou consumindo outros três meses de trabalho, resultando de fato em uma maneira revolucionária de comunicação jornalística”, assinala Dimmi. Nascido em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Dimmi é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pós-graduado em Letras pela PUC-RJ. Começou a carreira no jornal ZM Notícias, em 1994. Passou por O Dia, onde foi repórter de Cidades e de Política, e O Globo. Desde 2010 é repórter da sucursal da Folha de S.Paulo em Brasília, e com a primeira posição no ranking de 2014 fecha com louvor um ano que marcou ainda o lançamento de seu segundo romance, intitulado Fora do Ar. Confira o pingue-pongue do Portal dos Jornalistas com o mais premiado jornalista brasileiro de 2014: Portal dos Jornalistas – Nos últimos anos tem sido possível perceber na Folha um movimento para produção de reportagens com time numeroso. Como funciona essa interação entre diferentes equipes? Dimmi Amora – O jornalismo da empresa vem-se direcionando para isso. A coordenação é um dos pontos fortes e, a partir do momento em que há a decisão de fazer determinado produto, o processo de produção ganha um fluxo que consegue agregar os melhores profissionais em cada área. Mas, antes de tudo, é preciso ter profissionais treinados e qualificados para realizar cada etapa, o que a empresa possui. Portal dos Jornalistas – Num cenário de equipes cada vez mais enxutas e repórteres se desdobrando para produzir o máximo de pautas no mínimo de tempo possível, ainda há espaço para produção de grandes reportagens multiplataforma como Belo Monte, que levou dez meses de produção e envolveu tantos profissionais? Dimmi – Será cada vez mais difícil se não encontrarmos um modelo econômico que sustente esse tipo de iniciativa. Por enquanto, o modelo está baseado nos anúncios em várias páginas impressas de jornal, concentrados em grandes companhias, o que vem cada vez mais se mostrando insustentável para o futuro. Acho que, de alguma forma, um novo modelo será criado. Torço para que ele seja rentável o suficiente para bancar esse tipo de inciativa, que custa caro, muito mais pelo custo humano do que pelo investimento na produção. Mas estamos num processo de transição e é difícil, para quem está nesse ponto, vislumbrar o que virá. Portal dos Jornalistas – Como você analisa o retorno que esse tipo de matéria traz às publicações? Dimmi – O que posso analisar é o retorno para a marca. O que testemunhei é que a empresa passa a ser percebida pelos leitores como uma companhia de excelência, pela qualidade do trabalho. Acho que esse aspecto é fundamental, visto que, não importa qual será o formato no futuro, o que sempre fica é a marca. Portal dos Jornalistas – Você acredita que resultados como esse ajudam de alguma forma a incentivar a direção dos jornais a apostar em grandes produções jornalísticas? Dimmi – Sem dúvida. Os prêmios ajudam a estabelecer um novo patamar de qualidade para o jornalismo e acredito que todos passam a querer superar esse patamar.   Veja quem são os cem mais premiados jornalistas de 2014  

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