Mais veículos de comunicação anunciam redução de salário e jornada de trabalho
A crise econômica segue atingindo as grandes redações do Brasil. Os jornais Folha de S.Paulo e Correio Braziliense tomaram medidas como a redução de 25% do salário dos funcionários e da jornada de trabalho. Ao menos outros 15 veículos também anunciaram cortes. As informações são do Poder360.
A Folha determinou em 12/5 um corte de 25% nos salários de repórteres, fotógrafos, editores e outros funcionários em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A redução passará a valer em 1º de junho, e durará três meses. O jornal prometeu auxílio-alimentação no valor de R$ 150, reembolso de gastos extras aos profissionais em home office, estabilidade de emprego até um ano – profissionais demitidos nesse período receberão o equivalente a 70% dos ordenados restantes – e manutenção do plano de saúde até o final do ano, mesmo em caso de demissão. A Folha garantiu que as medidas não afetaram o UOL.
O Correio Braziliense anunciou também em 12/5 redução de 25% nos salários da redação e do setor administrativo. Segundo o Poder360, repórteres que atuam diretamente nas coberturas de economia, política nacional e jornalismo local não serão afetados.
Silvio Santos anunciou uma redução de 25% do salário de todos os funcionários, incluindo celetistas e pessoas jurídicas (PJs) do Grupo, que incluem os profissionais do SBT. Segundo Flávio Ricco (UOL), é a primeira vez que o dono da emissora toma uma medida dessas.
O Poder360 preparou um infográfico sobre o tema. Confira!
Agência Mural lança campanha para apoiar cobertura do coronavírus nas periferias
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias lançou em 14/5 a campanha Apoie a Agência Mural de Jornalismo por meio de financiamento coletivo na plataforma Benfeitoria. A iniciativa faz parte do fundo colaborativo Matchfunfundig Enfrente, destinado a iniciativas de enfrentamento aos efeitos do coronavírus nas periferias.
Nesse formato de matchfunding, uma mistura de financiamento coletivo com aporte de parceiros, as doações triplicam. A cada R$ 10 arrecadados pela Mural, o Fundo Enfrente transforma-os em R$ 30, até alcançar a meta de R$ 30 mil. A campanha tem duração de 30 dias.
O recurso será usado para continuar remunerando a rede de correspondentes locais da Mural, que conta com cerca de 80 jornalistas, fotojornalistas e designers espalhados pelas periferias da região metropolitana de São Paulo. Eles acompanham todos os acontecimentos relacionados à Covid-19 nas regiões mais vulneráveis da cidade.
“O fundo é importante para que possamos continuar remunerando os nossos jornalistas, que não apenas estão cobrindo os impactos desta crise sanitária e socioeconômica, mas vivendo toda essa realidade no cotidiano”, diz Anderson Meneses, diretor de negócios da Agência Mural.
Interessados em apoiar financeiramente o jornalismo feito pela e para as periferias na Grande São Paulo podem doar por meio do site benfeitoria.com/agenciamural. Pessoas físicas podem contribuir a partir de R$ 10. Como recompensa, os apoiadores receberão uma newsletter mensal com conteúdo exclusivo sobre os bastidores da Mural. Já as empresas podem colaborar a partir de R$ 1.000 e terão como recompensa a marca da instituição incluída durante um mês no site da Agência Mural como apoiador.
Guia gratuito dá dicas à imprensa sobre como enfrentar o coronavírus
Os professores Luiz Artur Ferraretto, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Fernando Morgado, das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), do Rio de Janeiro, produziram o e-book Covid-19 e comunicação: um guia prático para enfrentar a crise, que serve para ajudar a imprensa na cobertura diária da Covid-19.
Em 62 páginas, os autores buscaram abordar temas como as diferentes nomenclaturas do coronavírus, fake news, falsos especialistas, manutenção de negócios em meio à pandemia, ética e responsabilidade dos profissionais de imprensa e home office. O objetivo é oferecer uma visão ampla e colaborativa sobre a cobertura da doença. À medida que os autores acharem necessário, versões atualizadas do guia serão publicadas, durante e após a pandemia. Baixe o guia gratuitamente na íntegra.
Jornal Nacional muda cenário e passa a exibir rostos das vítimas do coronavírus
O Jornal Nacional mudou seu cenário para homenagear as vítimas do novo coronavírus. Na quinta-feira passada (14/5), durante a exibição do telejornal, o apresentador William Bonner anunciou que o cenário da atração passaria a exibir os rostos das vítimas de Covid-19, e não mais o desenho do vírus, que aparecia até então.
Bonner declarou que, “a partir de hoje, aquela imagem do inimigo número um vai sair do nosso painel. Em todos os momentos que o Jornal Nacional estiver tratando da pandemia, vão estar lá atrás os rostos de brasileiros que ela nos tirou. Esses sorrisos e olhares dos brasileiros que nós perdemos podem ajudar a fortalecer a mensagem que importa de verdade: a necessidade de proteger vidas”. A mudança foi muito repercutida e elogiada nas redes sociais.
E mais…
Fonte de J&Cia revelou que em 14/5 João Caminoto, diretor de Jornalismo do Grupo Estado, reuniu-se com os gestores da redação e informou ter o RH da empresa recebido a missão de começar a desenhar um plano de retomada do trabalho na sede do jornal. O retorno será gradual e voluntário, com um escalonamento da volta dos times e só retorna quem quiser. Aqueles que puderem ou preferirem seguir trabalhando de casa, poderão seguir dessa maneira. Ainda não há data prevista de quando começaria esse movimento de retorno. A conferir.
Para marcar o lançamento do site do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPbio), a revista Página22 e o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) realizam nesta sexta-feira (22/5), às 15h (14h em Manaus), o webinar Bioeconomia na Amazônia e o cenário Covid-19. A proposta é, ante a disseminação do novo coronavírus, reunir personalidades da Amazônia e da ciência para buscar mais conhecimento sobre as oportunidades que a floresta oferece, principalmente no uso de seus componentes e princípios ativos para a produção de medicamentos e outros produtos que possam contribuir com a qualidade de vida – além de políticas públicas e novos mecanismos financeiros para o desenvolvimento do setor. Transmissão via Zoom pelo Facebook do Idesam.
Nova atualização do estudo Covid-19: Impactos no consumo de mídia do Kantar Ibope mostrou que a parcela de pessoas que estão consumindo e devem manter o consumo de rádio aumentou para 74%. Na pesquisa anterior, divulgada há duas semanas, o índice era de 71%. O tempo médio em que as pessoas ficam sintonizadas no rádio também deve apontar crescimento em maio. O estudo compara os dados entre os períodos de 11 e 12 de maio a 4 e 5 do mesmo mês. De acordo com as informações do Kantar Ibope Media, mesmo com a mudança de rotina em virtude do isolamento social devido ao coronavírus, os ouvintes mantiveram o consumo do meio rádio com a mesma intensidade. Em alguns momentos, a intensidade é até maior do que o período pré-isolamento. (Veja+)
Na comunicação corporativa
Recentemente, o Grupo FSB lançou o e-book O Futuro da Comunicação Pós-COVID-19 (baixe aqui), que traz análises, pesquisas e insights sobre como as empresas devem ressignificar sua comunicação para ganhar destaque no mercado em um futuro próximo.
Ederaldo Kosa, sócio da Linhas Comunicação, apresenta nesta quinta-feira (21/5), às 15h, o webinar Comunicação e fake news em tempos de pandemia. Kosa coordena desde 2011 o Grupo de Comunicação da Associação Nacional de Restaurantes (ANR). O setor é um dos mais afetados pela crise da Covid-19. O webinar é dirigido a empresários, gerentes e gestores de bares e restaurantes, mas todos podem participar, bastando enviar e-mail para [email protected],br para receber o link. Ele contará com a presença de Lúcio Mesquita, consultor de comunicação que mora no Reino Unido há mais de 30 anos e que teve passagens por Estadão e Jovem Pan antes de chegar à BBC, onde atuou por cerca de 25 anos.
A JeffreyGroup reuniu um time de especialistas em 14/5 para um debate online sobre impacto social e sustentabilidade no mundo pós-Covid-19. O webinar Engajamento, governança e transparência: o que esperar do futuro? foi organizado pela área de consultoria em Impacto Social e Sustentabilidade, lançada recentemente pela agência. Conduzido por Danilo Maeda, diretor e líder da área na JeffreyGroup, o evento destacou temas importantes para o ambiente corporativo. Confira!
Internacionais
A liberdade de imprensa foi violada pelo menos 87 vezes na América Latina desde o início da pandemia, entre 1º de março e 21 de abril. O Brasil registrou 24 violações ao princípio constitucional nesse período, sendo 13 agressões e ataques a profissionais da imprensa, nove discursos estigmatizantes e dois assédios virtuais.
O levantamento foi feito pela rede latino-americana Voces del Sur, que a Abraji integra, e apresenta dados de oito dos 21 países da região. Os indicadores de monitoramento baseiam-se nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
A Abraji foi responsável por enviar as informações sobre o Brasil. Com as 24 violações contabilizadas, o País ocupa o segundo lugar no número de casos entre as nações que participaram do levantamento, ficando atrás apenas da Venezuela, que soma 36 episódios de violações à liberdade de imprensa. (Veja+)
Outras iniciativas
Fenaj pesquisa profissionais infectados por coronavírus
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) iniciou na sexta-feira (15/5) uma pesquisa sobre os profissionais de imprensa contaminados pelo novo coronavírus, com o objetivo de obter números oficiais e mapear o real quadro de infectados na categoria.
A entidade enviou a pesquisa aos sindicatos de jornalistas de todo o País, e pede para que o formulário chegue a todas as redações, para abranger o maior número possível de profissionais e obter dados próximos aos reais. Maria José Braga, presidenta da Fenaj, declarou que a convocação para que os jornalistas respondam o formulário é “para acompanhar a evolução da doença entre a categoria, num cenário de subnotificação e, com isso, readequar a ação sindical sempre que for necessário”. Participe da pesquisa aqui.
Sete em cada dez brasileiros acreditam em fake news sobre Covid-19
A organização de pesquisa e petições online Avaaz divulgou um levantamento sobre as fake news durante a pandemia da Covid-19. Conforme o estudo, sete em cada dez brasileiros acreditam em notícias falsas relacionadas ao novo coronavírus. O índice representa cerca de 110 milhões de pessoas. O WhatsApp é o principal vetor de desinformação. Já o Facebook aparece em segundo lugar, com cinco entre dez internautas do País recebendo e repassando conteúdos mentirosos.
Laura Moraes, coordenadora de campanhas da Avaaz, salientou ao Coletiva.net o risco que esses dados demonstram: “Mais preocupante ainda é que 110 milhões de brasileiros acreditam em ao menos uma notícia falsa que afeta as decisões que as pessoas tomam para se proteger. Isso pode levar cada indivíduo a contagiar centenas de pessoas com o coronavírus, anulando os esforços de médicos e do poder público”.
Comparado aos Estados Unidos e à Itália, o problema das fake news é maior no Brasil, de acordo com a pesquisa. Enquanto 73% dos brasileiros já acreditaram em informação falsa, entre os norte-americanos o índice cai para 65%, e para 59% entre os italianos.
Entretanto, 80% dos entrevistados pela Avaaz responderam que gostariam de ver informações de correção feitas por agências verificadoras de fatos. Mas 57% afirmam que nunca viram as retificações ou algum alerta de conteúdo falso em plataformas digitais.
E mais…
Desde 14/5, usuários do whatsapp podem contar com a ajuda da Fátima, a robô checadora do Aos Fatos para encontrar checagens de peças de desinformação sobre a pandemia do novo coronavírus. Ao enviar “Oi, Fátima” para o número 21-997-472-441 o usuário receberá como resposta um menu com as instruções de como interagir com a robô.
O Goulart de Andrade que habita a Tirania da minúscula coroa: Covid-19
Por Gustavo Girotto (*)
No prédio em que resido morou, no passado, um ícone do jornalismo nacional: o saudoso Goulart de Andrade. Seu estilo único de narrar as reportagens, usando plano-sequência (quando não há cortes aparentes), também inovou o jeito de fazer matérias na televisão.
A quarentena, decretada como primeiro passo para frear a pandemia da Covid-19, provoca-nos profundas reflexões e, mais do que isso, impõe interrogativas diárias que precisam de respostas. Salientando a máxima: a informação correta, ainda mais em tempos de pandemia, salva vidas. Essa é uma das devolutivas de mentais perscrutações.
A análise dos impactos do coronavírus Covid-19, sob a óptica de profissionais e áreas afetadas, é o tema que perpassa a série documental A tirania da minúscula coroa: Covid-19, partindo de uma premissa de que a essência do jornalismo é um aliado no combate a esse inimigo invisível que colocou o mundo de joelhos.
Todo o roteiro – que nasceu no período da quarentena – é fruto de uma parceria inédita com os taquaritinguenses Ricardo e Juliano Sartori, da Via d’Ideia, especialistas na produção de videodocumentários, que entraram arfando em mar revolto de forma voluntária. Mais de 300 horas de material estão sendo transformadas em uma série documental do YouTube, em capítulos que podem ser vistos no https://www.youtube.com/c/ViadIdea. A busca e o encontro da ideia foi a causa de partida, amarrada em um roteiro didático e estruturado.
A produção demandou estudo, cuidado e concentração, mas, acima de tudo, um script de orientação que cativa o telespectador para entender a gravidade dos fatos. Médicos, economistas, artistas, atletas, jornalistas e profissionais de áreas de pesquisa integram o conteúdo transmitido diariamente pelas rádios Planeta Verde e Canal Um FM de Taquaritinga (berço de profissionais da imprensa como João Palomino, Pedro Cafardo e Augusto Nunes, por exemplo), que agora foi transformado em uma narrativa jornalística de série documental. É uma construção in house pelo celular – que impõe grande desafio à equipe –, respeitando o período da quarentena.
O jornalista filho de taquaritinguenses Tercio David Braga, que passou por Estadão e Metro Jornal, também colaborou na elaboração dos temas. A orientação conta com um nome de peso: Adalberto Piotto, autor do filme Orgulho de ser brasileiro. Agora na segunda fase, Débora Brandt – que foi roteirista do programa Metrópolis, da TV Cultura – e Oslaim Brito, autor de YouTube nas Ruas (especializado em fotografia de rua), embarcaram no navio em pleno alto mar, no meio da tempestade.
O padrão de produção está alinhado com a tendência moderna de seriados da Netflix, mas mergulhado em grande desafio: transformar o celular e a internet em ferramentas quase que exclusivas para a criação da narrativa que vai se transformar no documentário, usando uma lógica de timeline (linha do tempo).
A óptica jornalística diante dos fatos, “iluminada” por depoimentos de grandes nomes de cada área, alinhada a uma edição dinâmica, são os pontos fortes da produção. Se perguntássemos ao Goulart de Andrade, que inovou em sua época – e nos inspira a criar o projeto –, “como será o mundo depois do coronavírus?”, talvez a resposta fosse: “A partir de agora, nunca mais será o mesmo”. O fato é que, o espírito de inovação do Goulart que nos habita, agora também se faz presente em A tirania da minúscula coroa: Covid-19. Assistam e compartilhem!
(*) Gustavo Girotto é jornalista, sócio da Tamer Empresarial e o diretor geral de A tirania da minúscula coroa: Covid-19