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sexta-feira, novembro 22, 2024

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“O podcast tem potencial muito grande pois dá voz àqueles que não têm”

Gus Lanzetta (à esq.), Leandro Iamin, Pollyana Ferrari, Magê Flores e Thamiris Rezende. Foto: Victor Félix

Por Victor Felix Arakaki, de J&Cia

A mesa A Era do Podcast, realizada em 9/10, da 41ª Semana de Jornalismo da PUC-SP, reuniu podcasters em um debate sobre a ascensão dessa tecnologia, que se torna cada vez mais frequente no cotidiano das pessoas.

Com mediação da professora Pollyana Ferrari, a mesa foi composta por Magê Flores (Café da Manhã/Folha de S.Paulo), Leandro Iamin (Central 3/Muito mais do que futebol), Thamiris Rezende (Gordacast) e Gus Lanzetta (Half Dead).

O debate reuniu assuntos em alta no mundo do podcast: como se deu essa ascensão/aumento significativo de audiência nos últimos anos; as semelhanças e diferenças entre os podcasts e o rádio; a importância do Spotify como plataforma; e os desafios/obstáculos dessa inovadora forma de se fazer jornalismo.

Magê Flores comentou que a adaptabilidade dos podcasts é uma característica que torna essa tecnologia única: “O podcast tem tudo a ver com a jeito que vivemos. Você consegue consumi-lo em qualquer momento e lugar, seja lavando a louça, na academia ou no trânsito. A força do podcast está na conveniência que essa tecnologia oferece”.

Outra característica muito importante dos podcasts apontada no debate é a relação pessoal e afetiva que estabelecem com os ouvintes. As pessoas se envolvem umas com as outras, conseguem enxergar por trás das vozes, como se fosse uma conversa descontraída e informal, mas que mantém a eficiência e a profundidade de um conteúdo jornalístico.

Thamiris Rezende afirmou que o podcast consegue criar conexões pois é feito por pessoas, para pessoas: “Surge uma relação humana. O ouvinte se relaciona com o humano por trás daquele conteúdo. As pessoas demonstram sentimentos, mostram-se mais vulneráveis. Os ouvintes conseguem enxergar quem está falando”. Magê acrescentou que, “muitas vezes, ao ler uma matéria no jornal, as pessoas não prestam atenção nos autores, em quem produziu o texto. Ouvir a autor falar é totalmente diferente. Você consegue identificar características dele, caracterizá-lo”.

“A ferramenta tem potencial muito grande pois dá voz àqueles que não têm”, disse Thamiris. ”Para mim, por exemplo, que tenho um blog sobre um assunto de interesse público, mas que não tem um tráfego tão grande. Você consegue abordar com mais profundidade temas que não são muito discutidos na grande mídia. Eu apostaria nesses conteúdos segmentados. Existem podcasts sobre os mais diversos assuntos. A segmentação pode gerar um crescimento gigante na audiência”.

Os debatedores também apontaram que a ascensão do podcast está intimamente ligada ao uso do Spotify como plataforma. Gus Lanzetta mostrou que a audiência de seu conteúdo cresceu significativamente no Spotify: “Esse fato mostra que muita gente começou a ouvir nosso conteúdo por causa dele. Para fazer um podcast, você não depende de uma grande corporação, é dono do seu conteúdo, e entrega esse conteúdo diretamente ao ouvinte. Mas não podemos deixar que o Spotify se torne o “YouTube do Podcast”, pois os podcasters ficarão muito dependentes de grandes empresas como Google, Facebook e YouTube, por exemplo”.

Ele também discorreu sobre as dificuldades que podcasters podem encontrar com anunciantes: “O nosso desafio com os anunciantes não é que eles desconfiam de nossos números ou que não damos o que eles querem, mas sim o fato de que o número de ouvintes do Spotify é muito menor que o de pessoas que assistem o YouTube, por exemplo”.

A mesa também ofereceu à plateia uma “receita de bolo” do podcast, explicando passo a passo a melhor forma de produzir um, além de dicas valiosas para ingressar nesse novo universo: não pensar muito se você deve fazer o podcast ou não, simplesmente faça; pensar na pauta e defini-la; levantar dados, pesquisar; pensar em entrevistados (fontes e personagens); escrever as perguntas separadamente, em outro lugar; por fim, juntar tudo em um pequeno roteiro. É preciso priorizar a qualidade do áudio, mas sem descuidar do conteúdo, evitando a monotonia; tentar reduzir o tempo total o máximo possível, escolhendo as palavras certas e sendo conciso.

No final, houve um debate sobre as diferentes mídias existentes e a possibilidade de uma acabar com a outra. Thamiris disse acreditar que elas podem coexistir: “O online não precisa matar o impresso e o podcast não tem nada a ver com o rádio. A dinâmica de conteúdo é diferente. Quando a pessoa consome um determinado podcast, ela já está ciente do tipo de conteúdo que vai encontrar. E essa discussão sobre a possibilidade de uma mídia acabar com a outra é perda de tempo e só prejudica o entendimento e o desenvolvimento dessas diferentes formas de se fazer jornalismo”.

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