Embora a sentença judicial que decretou a falência do Diário de S.Paulo em 23/1 determinasse a volta do jornal à circulação em cinco dias, isso ainda não aconteceu. Em vista disso, funcionários do Diário distribuíram nesta segunda-feira (5/2) nota em que repudiam a paralisação das suas atividades e questionam os desdobramentos da decisão judicial. Confira a seguir:
Nós, funcionários e colaboradores do Diário de S.Paulo, vimos por meio desta tornar público nosso absoluto repúdio com a interrupção da circulação do jornal por conta da extensão da decretação da falência da Editora Minuano e também questionar os desdobramentos da intervenção judicial.
Que fique claro, não se trata de defender nada errado. Se sócios ou administradores de gestões anteriores ou atuais cometeram malfeitos, que sejam cobrados e punidos por isso. Mas era necessário o fechamento de uma instituição centenária e que garantia o sustento de cerca de 70 famílias? Não seria possível tentar encontrar uma alternativa para salvar as dezenas de postos de trabalho?
De acordo com a própria sentença do Exmo. Juiz Marcelo Barbosa Sacramone, foi determinada a retomada da circulação do Diário de S.Paulo após cinco dias de prazo. Isso não ocorreu e não tem prazo para acontecer. Ou seja, a interventora, Dra. Joice Ruiz (Satiro e Ruiz Advogados), cumpriu apenas parte da sentença. E o restante?! Que se cumpra a determinação do juiz e que se coloque o jornal em circulação! Afinal, a cada dia sem circular, o Diário de S.Paulo perde leitores, audiência e consequentemente recursos para saldar salários, pendências e credores.
Uma apuração mais cuidadosa e eficiente por parte da Justiça e/ou de seus representantes comprovaria que todos os funcionários e colaboradores que vinham trabalhando na empresa o faziam única e exclusivamente para o Diário de S.Paulo. Portanto, não havia funcionários trabalhando para nenhuma outra empresa citada na sentença. O trabalho seguia seu ritmo normal e, melhor, os atrasos de salários, que chegaram a quase 3 meses em anos anteriores, estavam sendo reduzidos e muito perto de ficarem em dia.
Não teria sido mais correto a Justiça ter ouvido o testemunho de alguns funcionários da empresa que vinham dando expediente diariamente? Na prática, NENHUMA das dezenas de pessoas que subscrevem esse comunicado foram procuradas ou ouvidas.
Do modo como está sendo feito, nem os credores serão contemplados como deveriam. Afinal, com um patrimônio sucateado, o maior ativo do Diário de S.Paulo é a marca e o jornal circulando, coisa que não está acontecendo.
Por fim, se a intenção era proteger os funcionários, como disse a interventora, isso não aconteceu nem dá sinais de que vai acontecer. Pelo contrário. Basta constatar que até os equipamentos pessoais do fotógrafo Nelson Coelho ficaram retidos na sede do jornal, impossibilitando-o de sequer exercer seu trabalho de forma autônoma. Isso sim uma verdadeira vergonha por parte da Justiça.
Enfim, são muitas dúvidas a serem respondidas pela Justiça e pela interventora judicial. Por enquanto, a única certeza é a falta de trabalho para cerca de 70 pessoas e a completa frustração por saber que um caminho mais eficaz, inteligente e correto, que seria mais benéfico para credores e funcionários, ainda não foi tomado.
Assinado: funcionários e colaboradores do Diário de S.Paulo
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