Orlando Brito, repórter fotográfico que foi agredido por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro durante manifestação em frente ao Palácio da Alvorada em 3/5, contou os bastidores do “convite” para almoço que lhe teria sido feito pelo próprio presidente. O repórter negou ter recebido qualquer convite de Bolsonaro. A informação é de Chico Sant’anna.
Brito contou que foi chamado por Bolsonaro para uma conversa na saída do Palácio do Planalto na terça-feira (5/5). Ao lado de outras “10 ou 12 pessoas que o acompanhavam”, o presidente perguntou a ele se a agressão de fato havia acontecido. Brito confirmou o ocorrido e narrou os acontecimentos para Bolsonaro, incluindo o “safanão” que levou, os xingamentos e o fato de que os manifestantes queriam quebrar suas câmeras. Segundo ele, Bolsonaro não se desculpou, “mas disse ser ‘impossível controlar a ação das pessoas em uma multidão’ e que não entendia como alguém podia atribuir a ele, Bolsonaro, a autorização para agressões contra quem quer que fosse”.
O presidente também indagou sobre a agressão sofrida pelo repórter fotográfico Dida Sampaio, do Estadão. O grupo então dirigiu-se a uma sala contígua ao gabinete do presidente, onde havia um bufê e os dois continuaram a conversa, “que não durou mais do que 20 minutos”, contou Brito. Bolsonaro teria passado a atacar a imprensa com falas como “querem me sacanear o tempo todo, deturpam o que digo, mídia lixo, lixo, canalhas”. Os outros participantes tentavam introduzir outros assuntos ao verem que o presidente começava a se exaltar.
Antes de deixar o Palácio do Planalto, o repórter sugeriu a Bolsonaro que fosse ao Comitê de Imprensa para falar com os jornalistas credenciados pelos jornais, em vez de dar “entrevistas tumultuadas sob a mangueira do Palácio Alvorada”. O presidente disse que iria rever sua presença naquelas entrevistas.