Um dos mais famosos cartunistas do Brasil, criador da Turma da Mônica, imortal pela Academia Paulista de Letras, Maurício de Sousa completou 80 anos nesta 3ª.feira (27/10). No início da carreira foi repórter policial na Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo), mas deixou o jornalismo para se dedicar ao desenho e aos seus personagens infantis. Sobre aquela época, diz que nunca deixou de ser jornalista: “Sempre usei do ‘faro’ jornalístico para fazer minhas histórias. E aprendi, na Redação, a ‘arte da concisão’, ou seja, condensar as ideias, mensagens, de forma a que coubessem em poucas linhas. O que foi o ideal quando parti para as histórias em quadrinhos, onde temos que fazer caber textos e mensagens em pequenos balões”. Dele, diz a filha Magali, que inspirou uma de suas personagens: “É um pai sábio. Sempre nos deixou livres mas sempre nos orientando!! Além de pai é meu melhor amigo, pois sei que posso contar com ele. Os piores problemas se tornam mais fáceis depois de uma boa conversa com ele!”. Nesta página, J&Cia presta uma singela homenagem a Maurício pela data, reproduzindo o perfil dele no Portal dos Jornalistas e algumas de suas frases sobre a profissão e a vida. Mauricio de Sousa nasceu em Santa Isabel (SP), no dia 27 de outubro de 1935, filho de pai poeta (Antônio Mauricio de Sousa) e mãe poetisa (Petronilha Araújo de Sousa). Passou a infância em Mogi das Cruzes (SP), cidade onde começou a desenhar cartazes para rádios e ilustrações para jornais. Viveu lá até mudar para a capital. Já em São Paulo, aos 17 anos, em busca de emprego na sua área de atuação, acabou por ocupar a vaga de repórter policial na então Folha da Manhã. No jornal trabalhou por cinco anos, escrevendo e ilustrando suas reportagens. Maurício começou sua história nos quadrinhos em 1959, com o cachorrinho Bidu. As tiras que fazia do cão e seu dono, Franjinha, eram publicadas periodicamente na Folha de S.Paulo. Mais tarde, Bidu passou a mascote e marca dos Estúdios Maurício de Sousa e da Maurício de Sousa Produções (MSP). Em 1963, com a jornalista Lenita Miranda de Figueiredo, a Tia Lenita, criou o caderno infantil Folhinha de S.Paulo. Mônica e sua turma nasceram nos anos 1970, em revistinhas da Editora Abril. Criou a Revista da Mônica, que foi lançada com tiragem de 200 mil exemplares. Em 2013, a personagem dentuça e brava completou 50 anos. Entre as comemorações, o Memorial da América Latina, em São Paulo, fez uma exposição sobre a personagem e seu coelhinho Sansão. Depois de Mônica vieram outros tantos personagens que incorporam vários mundos e ainda arrancam suspiros. Entre eles, Cebolinha, Cascão, Magali, Chico Bento, Horácio (que segundo “quase” confirma, é o próprio Maurício), além de Piteco, Astronauta, Jotalhão, Zé Vampir, Tina, Penadinho, Papa-Capim, Tarugo, Coelho Caolho, Pelezinho… e Neymar Jr.. Todos carismáticos e queridos. Criou a Maurício de Sousa Produções, que atingiu as impressionantes marcas, entre elas mais de um bilhão de revistas vendidas até 2015. Líder absoluta, detém mais de 80% do mercado brasileiro de revistas em quadrinhos infantis; assina mais de 300 títulos de livros (por 25 editoras) e os conteúdos Turma da Mônica têm presença massiva nos livros didáticos brasileiros. Só em 2014, foram mais de 520 títulos desses livros, com um total de 7.749.742 exemplares, por 58 diferentes editoras. Criou dois parques temáticos infantis, um em São Paulo e outro em Curitiba. De personagem em personagem, a cada revista criada, que divertiram gerações e continuam alegrando os que chegam, o trabalho dele cresceu e conta com uma grande equipe de desenhistas, roteiristas e editores. Seu estúdio é um dos maiores empregadores de profissionais da área no Brasil. Aos quadrinhos se somam livros ilustrados, revistas de atividades (com jogos, caça-palavras, etc.), álbuns de figurinhas, CD-ROMs, livros tridimensionais, filmes e livros em braile. Mais de 100 indústrias nacionais e internacionais são licenciadas para produzir quase 2.500 itens com os personagens de Mauricio de Sousa, entre jogos, brinquedos, roupas, calçados, decoração, papelaria, material escolar, alimentação, vídeos e DVDs, revistas e livros. Em 1986, Mauricio saiu da Editora Abril e levou seus personagens para a Editora Globo. Em 1998, recebeu do então presidente da República Fernando Henrique Cardoso a Medalha dos Direitos Humanos. Em dezembro de 1998 foi premiado no Festival Internacional de Animação, em São Paulo (na Linha do Tempo do perfil dele relacionamos alguns dos prêmios que recebeu). Em 2006, deixou a Editora Globo após 20 anos. Em janeiro de 2007 todos os títulos da Turma da Mônica passaram à multinacional Panini, que na época detinha os direitos das publicações de super-heróis da Marvel e DC Comics. O mais famoso e premiado autor brasileiro em quadrinhos é membro da Academia Paulista de Letras, ocupando a cadeira nº 24 desde 13 de maio de 2011. Mesmo com toda a estrutura de que dispõe em seu estúdio, ele, no entanto, não dispensa a responsabilidade de escrever e desenhar as histórias de um personagem, que usa como escape autobiográfico: o dinossaurinho Horácio. Como o próprio Maurício disse uma vez: “Quer saber como me sinto? Leia o Horácio”. Sobre a sua trajetória, em entrevista à revista Educar para Crescer, da Editora Abril, Mauricio de Sousa fez um agradecimento de vida: “Desde que nasci numa casa cheia de livros, / Desde que mamãe me ensinou as primeiras letras nas historinhas dos gibis, / Desde que encontrei professores conscientes do seu papel, / Desde que fui cercado por poetas, escritores, músicos e ilustradores, / Desde que me habituei a ler, e muito, de tudo, / Desde que pude viver do texto e da arte, / Agradeço por ter recebido a Educação nas suas diversas formas. / E agradeço mais, ainda, pela oportunidade de retribuir aos que chegam”. Maurício tem dez filhos: Mariângela Spada e Sousa, Mônica Spada e Sousa, Magali Spada e Souza, Vanda Signorelli e Sousa, Valéria Signorelli e Sousa, Mauricio Spada e Souza, Marina Takeda e Sousa, Mauro Takeda e Sousa, Maurício Takeda e Sousa e Marcelo Pereira de Sousa.