Após meses de tensão entre Google e Facebook e o Governo australiano, com direito a ameaças por parte das gigantes digitais de sairem do país, o conflito chegou a uma etapa decisiva. O Parlamento da Austrália deve votar esta semana em um projeto de lei que obriga Google e Facebook a pagarem pelo conteúdo jornalístico compartilhado em suas plataformas.
Jornais do país dizem que partidos de oposição mostraram-se a favor do PL, o que fortalece a posição do primeiro-ministro Scott Morrison. Algumas grandes organizações de mídia do País fecharam acordos diretos para entrar no Google News Showcase, como a Seven West Media, e a Nine Entertainment, dona do jornal Sydney Morning Herald.
Mais recentemente, o Google fechou contrato com a News Corp., do empresário Rupert Murdoch. O valor do acordo desta última, inclusive, não foi revelado, mas vale também para títulos nos Estados Unidos, como Wall Street Journal e The New York Post, e no Reino Unido, como The Times e The Sun.
Segundo o Financial Times, quando o Google foi lançado, em 1998, jornais e revistas respondiam por quase um em cada dois dólares em publicidade em todo o mundo. Em 2020, de acordo com o GroupM, as editoras detinham apenas 8.3% da verba de publicidade, totalizando US$ 578 bilhões. Não é à toa que União Europeia, Reino Unido e Canadá, que já deram a partida na implantação de leis para as plataformas digitais, estão de olho no conflito na Austrália, cujos desdobramentos podem transformar a relação entre a indústria midiática e gigantes de tecnologia.