A comunicação ocupou a cena em janeiro de 2025, principalmente pelas ameaças à liberdade de expressão, com perspectiva de silenciamento de opiniões de minorias e da livre circulação de discursos falsos, extremistas e a atuação implacável das plataformas digitais para não terem suas atividades submetidas à regulação.
Se você não está conseguindo acompanhar tudo, além de ficar antenado no conteúdo aqui do Portal dos Jornalistas, pode ler o artigo Afasta de mim esse cálice − Da ditadura do silêncio à ditadura da algazarra, que reúne uma seleção de dados e tendências já anunciados para a área da comunicação em 2025. Como a pesquisa do Instituto Reuters sobre o que vai impactar os trabalhos de jornalistas e de comunicadores públicos e a pesquisa da USP que foi traduzida em uma cartilha bem simples para orientar todos os públicos sobre o ainda pouco compreendido mas muito perigoso “normal” nas redes sociais: “Você é o produto”, embora os donos das plataformas queiram que o usuário acredite que You are the media now.
A notícia boa do mês é que, em direção contrária às investidas em favor da desinformação, tem órgão adotando iniciativas concretas em favor do acesso à informação e da participação social. A Defensoria Pública do Ceará acabou de lançar a sua Política Estadual de Comunicação, que, segundo eles anunciaram, está “alinhada aos princípios de transparência, publicidade e inclusão”. O mais importante, na avaliação da ABCPública, é que a iniciativa coloca em prática uma recomendação do Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos Gerais (Condege); sendo assim, torcemos para que reverbere em outras defensorias do País. Por meio da política de comunicação, o Condege pretende “consolidar uma comunicação mais acessível e estratégica, promovendo a educação em direitos e a participação cidadã”, usando “linguagem simples, acessível e inclusiva, com enfoque antirracista, antiLGBTfóbico e antimisógino”.
Veja a seguir alguns canais e projetos que vão te deixar bem informado sobre tudo que vai rolar na comunicação pública em 2025.
Mapa da Regulamentação da ABCPública
Se você é como nós e acredita que a comunicação pública só ganha força se estiver bem explicitada em compromissos oficiais, como as políticas de comunicação, não perca tempo: visite a área de políticas de comunicação disponível no site da ABCPública. São mais de 200 documentos que podem te ajudar a pensar uma proposta de política que melhor se adequa à instituição onde você trabalha.
Podcast Comunicação Pública: Guia de Sobrevivência – Sexta temporada traz novidades e temas relevantes
Ao celebrar cinco anos no ar, o podcast Comunicação Pública: Guia de Sobrevivência inicia a sexta temporada com novo quadro e diversidade de temas e de convidados
Se você ainda não ouviu o primeiro episódio de 2025, não perca! Aline Castro abriu os trabalhos com uma superdica sobre o uso de “mensagens-chave” ou key messages, para “fazer acontecer” na comunicação, ou seja, ajudar comunicadores a alcançar mais efetividade nos projetos. Usando linguagem simples, exemplos criativos e altíssimo astral, ela conduz um bate-papo que prende a sua atenção do início ao fim. Não perca!
E se você não conseguiu acompanhar, as edições históricas estão indicadas a seguir:
Vale a pena ouvir de novo: O episódio inaugural, lançado em 28 de janeiro de 2020, contou com a participação de Jorge Duarte, abordando o tema Comunicação Estratégica.
Trajetória: De lá para cá, foram produzidos 60 episódios completos, além de mais de 40 interprogramas e cases de sucesso, apresentados por profissionais e especialistas de diversas regiões. Ao todo, o podcast já trouxe mais de 90 pessoas entrevistadas.
Propósito: O podcast busca combinar leveza e bom humor com insights práticos, que inspirem profissionais de comunicação a agir pelo interesse público e pela transformação social brasileira.
Sexta temporada: A nova temporada traz o novo quadro Dica de Sobrevivente, com entrevistas curtas com profissionais que atuam no setor público, compartilhando aspectos de suas rotinas e experiências práticas.
Em 2025, também estão previstos temas de episódios variados, tais como diagnóstico de comunicação; criação digital; gestão de equipes; experiência do usuário; participação social, e muito mais!
Onde ouvir: O podcast é apresentado e produzido por Aline Castro, jornalista, servidora pública e integrante da diretoria nacional da ABCPública. Ele está disponível nos principais players de áudio e vídeo: Spotify; Apple Podcasts; Amazon Music; Deezer; YouTube.
Audiência pública sobre moderação de conteúdo em plataformas digitais
A Advocacia-Geral da União (AGU) promoveu em 22/1 uma audiência pública para debater diretrizes de moderação do conteúdo nas plataformas digitais.
Um dos resultados é que a AGU vai elaborar um documento com sugestões para a regulamentação das redes sociais no Brasil, que será enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e para o Congresso Nacional. Leia mais aqui.
A ausência de representantes das empresas que atuam no País, mesmo tendo sido convidadas, não impediu o debate, que seguiu com a participação de especialistas e integrantes da sociedade civil. Eles discutiram propostas para combater a desinformação, promover direitos fundamentais e estabelecer novas regras para as redes sociais. Assista aqui.
Pode não parecer novidade, mas aqui há dados que te ajudam a trabalhar em direção contrária
De acordo com o levantamento do Instituto Ipsos, 62% dos brasileiros acreditam em notícias falsas. Nesse quesito somos líderes e estamos à frente de Arábia Saudita e Coreia do Sul, Peru e Espanha. A pesquisa mundial, segundo o Ipsos, revela ainda “uma redução da confiança nos políticos e um aumento no uso indevido dos fatos”.
Sabemos que às vezes as fake news são tão bem elaboradas que é difícil até desconfiar. Sabendo disso, várias instituições criaram programas de verificação de fatos para salvar os brasileiros da dúvida cruel: “é ou não é fake news?”. Aqui vão algumas dessas iniciativas:
● Senado Verifica – Fato ou Fake? é um canal de interação com o cidadão destinado à checagem da veracidade de informações sobre o Senado publicadas em quaisquer meios de comunicação e nas redes sociais, consideradas falsas, incorretas ou que tenham a finalidade de gerar engano ou ânimo contrário à instituição: https://www12.senado.leg.br/verifica.
- O site Brasil Contra Fake é uma plataforma dedicada à divulgação de informações e esclarecimentos sobre desinformação relacionada às ações institucionais do Governo Federal, assim como às políticas públicas que são alvo de desinformação: https://www.gov.br/secom/pt-br/fatos/brasil-contra-fake.
● Para combater as fake news sobre saúde, o Ministério da Saúde criou o projeto Saúde Sem Fake News, um canal de comunicação com a população. Qualquer cidadão pode adicionar gratuitamente no celular o WhatsApp do Ministério da Saúde − (61) 99289-4640.
● A agência Lupa é um hub de combate à desinformação por meio do jornalismo e da educação midiática: https://lupa.uol.com.br/.
● Aos Fatos é uma organização jornalística dedicada à investigação de campanhas de desinformação e à checagem de fatos: https://www.aosfatos.org/.
● A Justiça Eleitoral possui o Programa Permanente de Enfrentamento à Desinformação, que tem o objetivo de estimular a confiança social no processo eleitoral brasileiro, assim como a percepção em torno da imparcialidade, do profissionalismo e da fundamentalidade da Justiça Eleitoral: https://www.justicaeleitoral.jus.br/desinformacao/#desinformacao-parceiros.
● G1 − Fato ou Fake, é serviço de verificação de fatos do Grupo Globo, lançado em 2018: https://g1.globo.com/fato-ou-fake/.
● O Comprove é o canal de checagem de notícias relacionadas à Câmara dos Deputados. Por meio dele, o cidadão pode tirar dúvidas sobre conteúdos recebidos pelas redes sociais ou divulgados em sites da internet: https://www.camara.leg.br/comprove.
● O FactCheck é focado em entregar notícias verdadeiras sobre a política norte-americana: https://www.factcheck.org/.
- Representantes do CNJ, das associações da magistratura e dos tribunais superiores e da imprensa lançaram o Painel de Checagem de Fake News. Os parceiros do Painel contribuem para o projeto dentro de suas áreas de atuação: https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/painel-de-checagem-de-fake-news/.