Por Assis Ângelo

Ainda seguindo a linha distópica de Huxley e Orwell, a canadense Margaret Atwood publicou em 1985 o livro O Conto de Aia. Ele trata de um golpe com características teocráticas dado nos EUA. Esse país passa a se chamar República de Gileade, no qual há uma onda crescente de mulheres estéreis. As mulheres não estéreis são raptadas pelo poder então vigente e obrigadas a reproduzir filhos com os poderosos mandantes da tal república. Quem tentar fugir, morre.

O norte-americano Sidney Sheldon (1917-2007), um dos mais celebrados autores de ficção, tem livros que falam disso.

O Ditador, de 1995, é um livro cuja história se passa num país fictício da América do Sul: Amador, próximo à Colômbia e tal. A população vive sob o cabresto de um violento sujeito chamado coronel Ramón Bolívar. Há um momento em que o sujeito é obrigado a se submeter a uma cirurgia no coração. Morre não morre, o cara é representado por um sósia que chega de Nova York integrando uma companhia de teatro. Seu nome é Eddie Davis, um ator sem expressão que de uma hora para outra vira astro.

Essa história de Sheldon é fantástica. Como fantásticas são muitas de suas histórias. O Reverso da Medalha (1991), por exemplo, que teve continuação assinada por Tilly Bagshawe, no livro A Senhora do Jogo (2009).

Bagshawe, uma inglesa, era fã de Sheldon e na continuação de O Reverso da Medalha a matriarca da família Blackwell, Kate, volta à cena e ao desaparecer deserda uma de suas filhas. E o pau canta alto entre amor, ódio, inveja, drogas e mortes.

Pois é, tudo isso se acha lá.

O Reverso da Medalha é uma expressão encontrada no belo e original conto O Último Dia de um Poeta, de Machado de Assis, publicado originalmente em maio de 1867 no Jornal das Famílias. Esse conto foi assinado por Max, um dos vários pseudônimos de Machado. É leitura de hora e meia. Aliás, Machado de Assis era um grande leitor de Shakespeare. Lia-o no original. E no original também lia autores franceses. Foi ele o primeiro a traduzir para o português Victor Hugo, Edgar Allan Poe, Dante Alighieri, La Fontaine e tantos outros.

Machado também enveredou pela literatura grega, inspirando-se em tragédias verdadeiras ou inventadas.

Em 1903, o autor de Dom Casmurro publicou no Almanaque Brasileiro Garnier uma história intitulada Pílades e Orestes.

Orestes matou a mãe, que matou o esposo, o degolando. A irmã dele, Electra, casa-se com seu melhor amigo: Pílades.

No texto de Machado, Orestes é Quintanilha e Pílades, Gonçalves. Quintanilha é deputado e Gonçalves, advogado. Surge de repente uma jovem muito bonita e não digo mais nada. É muito bom!

No Brasil e em todo canto há mulheres incríveis escrevendo livros.

No campo ficcional americano tem, entre tantas, a romancista Nora Roberts.

Em Doce Vingança (1988), Nora conta a história de uma jovem e bela princesa que promete vingar-se do pai. É considerada pela crítica especializada como “a Sheldon de saias”.

Uma série de cinco romances de autoria de Jess Michaels fez um sucesso estrondoso por aí afora.

Cada um dos livros da série Os Notórios Flynn, recebeu um título próprio. Pela ordem: O Outro Duque, A Amante do Canalha, Apostando na Viúva, Nenhum Cavalheiro para Georgina e O Marquês de Mary. No geral, conta a história de uma família londrina do começo do século 19.

Jess é uma das escritoras estadunidenses mais famosas, e autora de uma centena de livros. O mais famoso é O Duque Silencioso (2017). Trata de história envolvendo o personagem Ewan, abusado pelo pai e tal.

Os livros dessa estadunidense têm muito sexo descrito em minúcias, adultério, estupro. É coisa popular, quase beirando o popularesco. Linguagem simples e mal traduzida para o português.

Histórias desse tipo pululam por aí, em tudo quanto é língua.

No século 17, veio ao mundo uma gringa chamada Margaret Cavendish (1623-1673). É dela a ficção científica publicada no livro O Mundo Resplandecente (1666).

Depois de Cavendish, vieram Mary Shelley (1797-1851) e Mary E. Bradley (1844-1930), respectivamente autoras de Frankenstein (1818) e Mizora (1880).

Em O Mundo Resplandecente, Cavendish cria uma personagem feminina carismática, surpreendente, que habita um lugar cheio de gelo governado por um cara que só quer o bem de todos. É bacana.

Em Frankenstein, a autora apresenta ao mundo a figura estranhíssima de um certo doutor mal amanhado, esquisitíssimo. Bom, a história todo mundo já sabe.


Foto e Ilustrações de Flor Maria e Anna da Hora

Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333

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