Com salários atrasados desde dezembro e sem receber o 13º, funcionários do portal Fato Online, de Brasília, paralisaram suas atividades na noite dessa 2ª feira (29/2). Eles dizem que a medida já vinha sendo planejada se a empresa não regularizasse a situação até o final de fevereiro. Em tentativas de negociação desde o final do ano passado, o empresário do Amapá Sílvio Assis reconheceu à época a crise financeira da empresa. Segundo Lúcio Vaz, editor de Política do portal e coordenador do comitê de negociações, a empresa chegou a oferecer duas propostas aos funcionários. Na primeira, para aqueles que ganhavam R$ 10 mil ou mais, todo o passivo, que contempla quatro salários, seria transformado em cotas na empresa e pro labore de dois terços do salário. Para os demais, o pagamento dos quatro salários começaria a ser pago em 20 de março. Na segunda proposta, os funcionários com salários maiores e que não aceitassem se tornar sócios da empresa, receberiam em dez parcelas, também a partir de 20 de março. “Eles prometeram pagar onze vezes e não cumpriram”, lamenta Lúcio. Alguns funcionários do portal comentam que a situação é mais caótica do que parece e que não veem solução do caso em curto prazo, “já que o investimento na empresa pode ter partido de um empresário do Tocantins, que teria no momento fechado as torneiras”. Eles contam ainda que nessa 3ª feira (1/3) a empresa bloqueou a entrada dos jornalistas, permitindo apenas o acesso do pessoal da área administrativa, além de ter sido cortado o e-mail dos trabalhadores e tirada a senha de acesso dos editores ao site. “Contamos mais com uma força divina do que real para resolução de nosso caso”, disse um profissional da empresa. “Nunca presenciei tal situação no mercado. Acho até que tenho que desligar porque pressinto que meu telefone pessoal, a exemplo de outros, pode estar grampeado”. O Portal dos Jornalistas não conseguiu contato com o diretor da empresa. A redação de Fato Online conta com mais de cem profissionais, entre eles nomes renomados no mercado, que apostaram desde o início no projeto, como Helena Chagas (colunista), Cecília Maia (diretora de Jornalismo), Andrei Meireles (repórter e colunista), Lúcio Vaz (editor de Política), Sheila D’Amorim (editora-chefe) e Orlando Brito (editor de Fotografia e colunista). Enquanto a situação não é definida, a página, que neste dia 4/3 completaria um ano, segue reproduzindo conteúdo de outros sites, como da Agência Estado. Com a palavra, alguns profissionais do Fato Online Rudolfo Lago, que foi editor-chefe e hoje é colunista, comentou em sua página do facebook: “Talvez precisasse mesmo ser num dia bissexto para bem marcar o fim de um sonho, o fim de uma ilusão. É o fim de um drama que estamos vivendo desde o final de novembro”. Diego Amorim, repórter, no twitter: “Fomos um portal valente: até o fim, sem salários, a equipe deu furos e ajudou a trazer um pouco mais de análise ao caótico mundo virtual”. Renato Alves, da agência de imagens OBritoNews, que prestava serviços para o portal, também pelo twitter: “Funcionários descobriram que não há nada no nome dos donos, que admitiram ter $ no exterior. Eles (os donos) chegaram a propor aos funcionários que assumissem o negócio, ou seja, as dívidas”.