A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) lançou em 7/4, Dia do Jornalista, a primeira edição de seu relatório que monitora ataques a jornalistas no Brasil. Segundo o documento, em 2021 ocorreram 453 ataques à imprensa no País.
Em 69% dos casos, as agressões foram feitas agentes estatais, sendo o presidente Jair Bolsonaro o principal agressor. Sozinho, ele atacou a imprensa 89 vezes no último ano, o que representa pouco menos de 20% do total. Ao somar os ataques de ministros, assessores e filhos do presidente com mandatos eletivos, o número chega a 55% do total de agressões.
O relatório revela uma piora na participação de agentes políticos em violações à liberdade de imprensa nos últimos anos: entre 2020 e 2021, os casos de agressão aumentaram 23,4%.
A principal forma de ataque foi o discurso estigmatizante, agressão verbal que visa a desmoralizar o trabalho jornalístico. Esse tipo de agressão esteve presente em quase 75% dos ataques em 2021. Muitas vezes, esses discursos são compartilhados nas redes sociais por figuras políticas, ganhando grande engajamento e formando grandes redes de ataques na internet. A Abraji destaca que 62,5% dos ataques tiveram origem ou repercussão na internet.
O segundo tipo de agressão mais recorrente agrega ameaças, agressões físicas, destruição de equipamentos, entre outros, totalizando 19% dos casos. E na sequência aparecem processos e sentenças judiciais (4,2%), restrições na internet (2,6%), restrições de acesso à informação (2,4%) e uso abusivo do poder estatal (0,6%). Coberturas de política e da pandemia da Covid-19 estiveram fortemente relacionadas aos episódios de violência.
A Abraji também fez um recorte de gênero, identificando 45 ataques realizados com base na identificação de gênero, sexualidade e/ou orientação sexual dos jornalistas, o que representa cerca de 10% do total.
O relatório traz ainda algumas recomendações para lidar com o problema, direcionadas a poder público, veículos de comunicação, plataformas digitais e os próprios jornalistas, com orientações para políticas públicas, indicações para medidas institucionais e um apelo à necessidade de responsabilização dos agressores, especialmente quando são ligados ao Estado. Acesse o relatório na íntegra.