Reportagem de Luigi Mazza, publicada na edição de maio da revista piauí, mostra como o presidente Jair Bolsonaro faz uso da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), cujo principal veículo é a TV Brasil, para promover e exaltar seu governo. A reportagem ouviu 29 funcionários, ex-funcionários e ex-gestores da emissora sobre a presença constante de Bolsonaro na TV Brasil e conteúdos censurados.
Segundo repórteres ouvidos na reportagem, o termo “ditadura militar”, por exemplo, não pode ser utilizado, e é substituído por “regime militar”. Lucas Krauss, editor de textos na TV, contou que fez uma nota sobre a demora do governo em agir para evitar a crise energética, que acabou sendo censurada.
Já Gésio Passos, ao participar de uma entrevista coletiva do Ministério da Saúde, fez uma pergunta por escrito questionando se militares sem experiência na área teriam condições de conduzir o combate à pandemia de Covid-19. A pergunta gerou uma crise. Em conversa no WhatsApp, à qual a piauí teve acesso, a coordenadora de reportagem disse que a pergunta “chegou no Palácio” e que “estão querendo a cabeça da Sirley, referindo-se à diretora de Jornalismo. Gésio foi afastado da cobertura do Ministério da Saúde.
Outro ponto apresentado na reportagem é a quantidade de vezes em que Bolsonaro aparece ao vivo em algum evento, interrompendo a programação da TV Brasil, sempre discursando, xingando adversários e exaltando o seu governo. Entre agosto de 2020 e julho de 2021, as aparições-surpresa do presidente ocuparam 158 horas da programação da emissora.
A piauí destaca ainda como Bolsonaro está dando à emissora a sua “cara ideológica”: não renovou o programa Estação Plural, sobre o universo LGBTQIA+, e acabou com o Trilha de Letras, de entrevistas sobre literatura. No lugar deles, entraram os programas Fortes do Brasil, sobre o exército; Faróis do Brasil, sobre a Marinha; e Águias de Fogo, sobre a Aeronáutica. “Pauta sobre indígenas? Não passa. Sobre comunidade LGBTQIA+? Não passa”, relatou Ana Graziela de Oliveira, repórter da TV Brasil em Brasília desde 2008.
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