A ONG Repórter Brasil, especializada em direitos humanos, trabalho escravo e investigações, completa em outubro 20 anos de existência. A agência consolidou-se como referência de informações sobre direitos humanos com reportagens investigativas, documentários, parcerias com veículos nacionais e internacionais, e prêmios/reconhecimentos que valorizam o seu trabalho.
A Repórter Brasil tem quatro núcleos principais: Jornalismo, Documentário, Investigação e Educação. O braço de Jornalismo refere-se à agência de notícias, com reportagens investigativas, e grandes matérias de profundidade sobre os mais diversos temas envolvendo direitos humanos.
Desde 2006, o núcleo de Documentário produz longas metragens sobre trabalho escravo, trabalhadores em frigoríficos, construção de hidrelétricas, entre outros, que já receberam diversos prêmios em festivais nacionais e internacionais.
Outro braço importante da Repórter Brasil é o de Investigação, responsável pela pesquisa de campo e pela produção de relatórios sobre atores econômicos mostrando como mercadorias fabricadas com trabalho escravo, tráfico de humanos, trabalho infantil ou desmatamento chegam ao mercado nacional e internacional. Os relatórios produzidos pela ONG nos últimos 18 anos fomentaram a formação de políticas nos setores produtivo, bancário e financeiro.
O quarto núcleo é o de Educação, que promove cursos e programas como o Escravo, nem pensar!, sobre a prevenção do trabalho escravo, e o Vaza, Falsiane!, sobre combate à desinformação.
Em entrevista à LatAm Journalism Review (LJR), Ana Magalhães, coordenadora de Jornalismo da Repórter Brasil, disse que esta divisão por núcleos é algo raro no Brasil, mas comum em outros países: “Acho que esse é outro pioneirismo da Repórter Brasil”.
Leonardo Sakamoto, diretor-geral da ONG, conta que, no começo, eles não tinham dinheiro e percorriam horas de ônibus para fazer as reportagens: “A gente não tinha grana no começo, avião na época era caro. Então a gente ia de ônibus. Fui fazer matéria no interior de Alagoas e foram 48 horas. Outra no interior do Amapá que deu 53 horas de ônibus até Belém, mais 18 de lancha rápida, mais horas até o interior do Amapá. E por aí vai”.
Em 2001, a equipe era formada por dez jovens profissionais, a maioria jornalistas, que tinham o objetivo de “trazer à tona a voz daquelas pessoas que não conseguiam ter suas histórias contadas publicamente”. Eles ofereciam as reportagens para meios parceiros, mas nem sempre conseguiam vender o material. Atualmente, a equipe conta com 25 profissionais.