Foram inúmeras as manifestações de repúdio, no Brasil e no exterior, aos assassinatos, em menos de uma semana, de Mario Randolfo Marques Lopes e Paulo Rocaro (Paulo Roberto Cardoso Rodrigues), respectivamente em Barra do Piraí (RJ) e em Ponta Porã (MS). Mario, de 50 anos, foi morto em 9/2 com um tiro na cabeça junto com sua companheira, Maria Aparecida Guimarães. O casal foi sequestrado no Centro da cidade e levado a um local de pouco movimento, onde foi executado. Editor do site Vassouras na Net, no qual criticava personalidades influentes na região, ele já havia sido vítima de tentativa de homicídio em julho do ano passado, quando levou três tiros em sua casa, no Centro de Vassouras.
Paulo, que editava o Jornal da Praça (diário local impresso) e dirigia o site Mercosul News, foi vítima de um atentado no domingo (12/2), por volta das 23h30. Dois pistoleiros que estavam em uma motocicleta dispararam mais de 12 tiros de pistola 9 mm contra seu carro, cinco dos quais o acertaram. Ele não resistiu aos ferimentos e faleceu no Hospital Regional de Ponta Porã por volta das 4h20 desta 2ª.feira. Em nota oficial, embora afirme acreditar na elucidação dos crimes pelas autoridades locais, a Fenaj cobra do Ministério da Justiça iniciativas para reforço das investigações e rápida apuração das responsabilidades, lembrando que nos relatórios anuais que produz sobre violências cometidas contra jornalistas no Brasil, políticos regionais ou nacionais sempre figuram entre os principais agressores. Isso se confirmou no relatório Violência e Liberdade de Imprensa no Brasil, relativo a 2010, e certamente o mesmo ocorrerá no relatório que a Federação está elaborando sobre as agressões cometidas contra jornalistas no ano passado.
Igualmente, no relatório da FIJ relativo a 2011, o Brasil aparece entre os países com mais registros de morte de profissionais de comunicação. Tais dados, infelizmente reforçados pelo assassinato dos colegas Mario Randolfo Marques Lopes e Paulo Roberto Cardoso Rodrigues neste início de 2012, exigem medidas mais enérgicas, especialmente do Governo Federal e do Congresso Nacional, para constranger a impunidade.
A entidade encerra a nota informando que no último dia 8/2 sua Executiva discutiu com o deputado federal e delegado da PF Protógenes Queiróz iniciativas para ampliar o debate sobre o Projeto de Lei 1078/11, que propõe a federalização da apuração de crimes contra jornalistas: “Avançar para uma rápida tramitação e aprovação de tal proposta, diante dos dois recentes casos de violência contra profissionais de imprensa, hoje se impõe não como um desejo corporativo, mas como uma necessidade premente de um país que realmente reconheça na liberdade de imprensa um pilar fundamental para o efetivo exercício da cidadania e da democracia”.