Fernando Morgado, criador e editor do satírico SacolãoBrasil,“o primeiro jornal de mentira do País”, informa que seu site se despede dos leitores, para de mentir, enfrenta a verdade e vai descansar nas nuvens eternas da internet. As matérias da última edição são a exclusiva Coreia do Norte ameaça o mundo com arma inacreditável, os motivos do fim do site e Cuidado, coisas estranhas podem estar no seu café. Os colunistas, “em lágrimas”, são Malvina Hirada, Arthur Baskerville, Lallo Bloombury e Vovó Santinha.
Morgado enviou a J&Cia um texto em que explica sua decisão:
“Depois de 17 anos mentindo e divertindo milhões de leitores (nossa última mentira), o SacolãoBrasil chega ao fim. Os motivos são vários, como os poucos acessos que teve ao longo desses anos. Acessos também de frustração e desencanto, vale dizer. O lento e constante desaparecimento dos leitores acabou por esfriar nosso entusiasmo, os mesmos leitores que raramente se deram ao trabalho de enviar uma simples mensagem de apoio ou crítica. Aliás, como acontece hoje em toda a mídia eletrônica. Diariamente, milhões de famintos por novidades e sensações procuram, consomem e devoram, não importa o quê, e, depois de momentaneamente saciados, jogam os ossos fora e começam tudo de novo.
Quando nasceu, em 2001, o Sacolão foi logo bem-sucedido e ganhou elogios de nomes como Sérgio Augusto (‘o site mais inteligente da internet’), Millôr Fernandes, Moacyr Scliar, Ignácio de Loyola Brandão. Foi também copiado por muitos, alguns, de vida efêmera, outros, em cartaz até hoje. Às vezes penso que o ‘mais inteligente da internet’ possa ter sido a causa do nosso insucesso.
Os anos, o progresso e avanços eletrônicos de todos os lados nos deixaram para trás. Mas nunca nos afastamos da ideia inicial: humor civilizado, mentiras e textos enxutos, sem piadas de papagaio, português ou fofocas da TV.
Até que os acessos quase sumiram. Enfim, é da vida, é da internet. Mas continuaremos no ar, incluindo esta última edição. Será uma espécie de museu sacolão, exibindo o presente e o passado do ‘primeiro jornal de mentira do País’. E também – não custa sonhar – o futuro do nosso humor.”