Após a morte do presidente Maurício Azêdo, em 25/10, a ABI apressou-se em promover sua sucessão. Logo no dia 29/10, Pery Cotta convocou uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo, do qual é presidente, para decidir sobre o preenchimento do cargo. Para tanto, solicitou ao escritório Siqueira Castro Advogados um parecer sobre a situação da entidade, com base nos estatutos da mesma. Foi então declarada a vacância do cargo, e proposta a indicação do diretor-administrativo Fichel Davit Chargel para responder interinamente pela presidência, o que foi aceito. Os componentes da chapa Vladimir Herzog, que desde o início do ano se opuseram à forma como as eleições eram conduzidas na ABI, reagiram de imediato, lembrando que o vice-presidente Tarcísio Holanda seria o indicado natural para assumir o cargo. Soube-se depois que Holanda fora instado a renunciar e negou-se a fazê-lo. Veio de Brasília à sede no Rio especialmente para assumir e, ao constatar o que ocorria, lembrou que substituíra o presidente em outras ocasiões e acusou os participantes da assembleia de um “golpe de Estado”. Fichel Davit explicou ao Portal dos Jornalistas o porquê de o vice não ter sido empossado: “Tínhamos dúvida de quem deveria assumir e, antes de qualquer coisa, pedimos um parecer ao escritório Siqueira Castro. O estatuto diz: o vice assume em caso de impedimento. No entendimento dos advogados, em caso de falecimento, há vacância. Assim, o Conselho elege um interino até que se faça nova assembleia. Não é nada de golpe, isso é estatutário: a diferença entre impedimento e vacância”. A ABI convocou, para a manhã de 3/12, uma assembleia-geral extraordinária para preencher o cargo de diretor-presidente da entidade. Perguntado sobre quem seriam os candidatos na próxima assembleia, Fichel afirmou que qualquer associado à ABI pode ser candidato, e nada ainda está definido a esse respeito. Uma ação da chapa Vladimir Herzog colocou sub judice as eleições realizadas na ABI no segundo semestre deste ano. Domingos Meirelles, um dos proponentes da ação, afirma que não se opunha a Azêdo, de quem fora amigo de longa data, mas à ingerência da mulher dele, Marilka Lannes, na administração da entidade e sua articulação política com outros membros da diretoria, que desvirtuaram os ideais da instituição, quando o presidente, com a saúde debilitada, não tinha mais condições de exercer o mandato. (Veja o texto dele, Nau dos insensatos, sobre a assembleia, no blog da chapa). Esta opinião é partilhada por Maria Clara Capiberibe Azêdo, filha do primeiro casamento de Maurício. Logo após a morte do pai, ela postou no facebook um texto comovido, sob o título Crônica de uma morte anunciada, relatando seus últimos contatos, texto esse que foi amplamente divulgado. Ali, dizia: “Ainda na unidade coronariana, ele [um amigo] me revelou que o médico lhe teria dito que já tinha ultrapassado todas as estatísticas para mantê-lo vivo”. Para Portal dos Jornalistas, Clara completou: “Ele estava doente havia muito tempo. Sofreu um enfarte, que só me foi comunicado três anos depois, porque a segunda esposa monopolizava a vida dele. A partir disso, teve uma lesão no coração. Vivia sendo internado, melhorava e voltava. Muitas vezes eu não tinha acesso aonde ele estava. Precisava ligar para um hospital, dar o nome, e assim descobrir. No dia 27 de setembro, aniversário dele, eu queria passar na ABI para levar um presente. Liguei para lá e ninguém atendia, liguei para a casa dele e também não. Liguei então para o celular da mulher dele, e aí soube que estava internado. Fui visitá-lo, com meu irmão, e tive um mau pressentimento”. Clara também é jornalista, formada pela PUC-Rio, esteve nas rádios Globo, Nacional e Roquette Pinto, nos jornais Tribuna da Imprensa e Jornal do Commercio, colaborou com revistas; por causa da retração do mercado de trabalho, tornou-se professora de língua italiana. A chapa Prudente de Morais, da situação, hoje capitaneada por Pery Cotta, solicitou recentemente à chapa Vladimir Herzog uma reunião de conciliação. Acreditam os componentes desta última que tal movimento segue instruções do escritório de advocacia, que prefere encerrar o confronto. Enquanto isso, segue o processo nº 0107472-04.2013.8.19.0001 no TJ-RJ. A próxima audiência está marcada para a tarde do próximo dia 18.