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sábado, novembro 23, 2024

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O trabalho de sonhar grande

Cristiane Correa, ex-editora de Exame, lança Sonho grande – Como Jorge Paulo Lehmann, Marcel Telles e Beto Sicupira revolucionaram o capitalismo brasileiro e conquistaram o mundo (Sextante/Primeira Pessoa). A obra aborda a trajetória profissional dos sócios da AB-Inbev, que fizeram fortuna com um modo peculiar de gerir suas empresas. Em entrevista ao Portal dos Jornalistas, a autora conta sobre o que o que percebeu de diferente na trajetória dos três empresários, o processo de elaboração do livro, para o qual se dedicou integralmente, deixando de lado uma carreira de seis anos como editora-executiva da Exame: Portal dos Jornalistas – O que a motivou a escrever sobre a trajetória do Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira? Cristiane Correa – Cubro jornalismo de Negócios desde 1999 e, durante as matérias, comecei a achar que ali era uma cultura diferente, que havia algumas particularidades se comparada a outras culturas empresariais no Brasil. Uma cultura única e bem polêmica. Tem gente que adora, tem gente que detesta, mas eu achava que ela era única. Dava para notar que eles estavam se transformando em empresários de projeção global, então achei que a história merecia ser contada em livro. Portal dos Jornalistas – Quanto tempo durou a apuração para o livro? Cristiane – Mais de um ano. Tentei durante alguns poucos meses conciliar meu trabalho na Exame com a apuração do livro, mas vi que este me tomaria muito mais tempo do que havia imaginado. Desliguei-me da Exame e desde janeiro de 2012 dedico-me só ao livro, que terminei de escrever em janeiro passado. Portal dos Jornalistas – E o contato com eles? Houve abertura? Cristiane – Não. Eles são super-refratários à imprensa, super low profile… Eu tentava convencê-los a fazer esse livro desde 2007, e eles sempre falando que não era o momento, que ainda havia muita coisa para acontecer, que não gostavam de aparecer e tal… Aí, em 2011, depois de quatro anos tentando, cheguei à conclusão de que eles nunca seriam convencidos. E, do mesmo jeito que fazemos matéria por fora, comecei a fazer o livro por fora. Ao longo dos anos, falei algumas vezes com eles e usei algumas frases dessas conversas. Eles não fizeram entrevistas especificamente para o livro. Disseram: “Não podemos te impedir de fazer o livro, mas não vamos participar ativamente disso”. Portal dos Jornalistas – Houve algum tipo de restrição para que os funcionários concedessem entrevistas? Cristiane – Teve gente que eu procurei e me deu entrevista. Outros, não. Acredito que tenha ficado a critério dos entrevistados. Por exemplo, atuais funcionários de Lojas Americanas preferiram não falar. Na Ambev consegui falar com bastante gente. Portal dos Jornalistas – Em relação ao que acompanha da trajetória deles, qual característica em comum dos três – tanto de personalidade como de desenvolvimento de carreira – você aponta como diferencial para que eles tenham alcançado esse sucesso profissional? Cristiane – Os três são muito focados. São três caras simples e que pensam grande, característica que, inclusive, deu origem ao título do livro. O Paulo sempre repete essa história de que sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho. Eles têm sempre essa cabeça de pensar grande, mas não é uma coisa de megalomania. As coisas deles nunca foram do dia pra noite, são planos de longo prazo. É uma coisa muito focada, muito passo a passo, muito pé no chão e eles trabalham pra caramba! Também se preocupam com a questão de formação de gente. Há um grupo de executivos, muitos deles sócios, que está com eles há décadas. Isso é curioso porque hoje nas empresas brasileiras é muito comum ver um presidente ficar dois, três anos e trocar. As pessoas-chave nas empresas deles estão lá há muitos anos. Portal dos Jornalistas – Inclusive o próprio Marcelo e o Beto era funcionários do Lehmann… Cristiane – Exatamente. O Garantia foi fundado em 1971, o Marcel entrou em 1972, e ele era um boy de luxo. Entregava papel na rua, mesmo, e depois foi ascendendo no banco. Tinha essa coisa de todo mundo começar por baixo. O Beto chegou em 1973 e também não começou por cima, não começou em cargo de diretoria, mas não precisou entregar papel! Os dois foram subindo até chegarem a sócios. Portal dos Jornalistas – E essa cultura de começar por baixo ainda é aplicada na empresa até hoje? Cristiane – O Garantia era um banco com 300 pessoas. Hoje a AB-InBev tem mais de 100 mil funcionários. O começar por baixo hoje poderia ser traduzido de outra forma, que é o investimento que eles fazem em trainées. Eles continuam pegando gente jovem e formando. O grosso dos executivos foi formado internamente e passou pelo programa de trainées. Então, persiste essa coisa de pegar gente nova, recém-formada, dar aquele acabamento e formar com a cultura da empresa.   SERVIÇO Livro Sonho grande – Como Jorge Paulo Lehmann, Marcel Telles e Beto Sicupira revolucionaram o capitalismo brasileiro e conquistaram o mundo, de Cristiane Correa Editora: Sextante/Primeira Página Número de páginas: 272 Preço sugerido: R$ 39,90 Trecho da obra disponível em pdf aqui.  

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