O Twitter baniu nesta terça-feira (3/8) o acesso da Fátima (@fatimabot), robô checadora de notícias falsas do Aos Fatos, à API da plataforma. Na prática, o bloqueio impede o serviço detecte links com conteúdo desinformativo e enviar aos usuários que os compartilharam as checagens feitas pela equipe da publicação.

A decisão veio um dia após a plataforma suspender o serviço de checagem. A medida chegou a ser revertida após contatos do Aos Fatos com a plataforma, mas o banimento veio horas mais tarde, sem que houvesse qualquer comunicado prévio aos administradores do serviço.

Em nota, o Twitter informou que “a conta foi suspensa por violação às nossas regras de automação, devido ao uso de um aplicativo que menciona ou comenta, de forma duplicada, conteúdos relacionados a contas que não estão interagindo diretamente com o perfil”. Segundo a plataforma, após análise, “o Twitter retirou a suspensão da conta, mas suspendeu o aplicativo por violar suas regras de spam”.

Sem conexão com a API do Twitter, o perfil perde a sua finalidade, que é alertar usuários que informações compartilhadas por eles contêm desinformação. “A Fátima é reconhecida mundialmente como exemplo de combate a informações falsas por meio do uso de inteligência artificial”, explicou Tai Nalon, diretora-executiva do Aos Fatos. “Em vez de apoiar, o Twitter decide inviabilizar sua atuação enquanto mentiras que ameaçam vidas multiplicam-se na plataforma. Juntamente com o descumprimento de suas políticas de combate à desinformação, a empresa facilita o trabalho de enganadores profissionais”.

Em 1º de março, o Twitter afirmou que passaria a remover ou rotular publicações potencialmente enganosas e a punir com suspensões e até banimentos usuários que as compartilhassem. Os tweets respondidos pela Fátima continuam no ar, e o comentário da robô checadora do Aos Fatos, na maioria dos casos, é o único aviso de que se trata de conteúdo enganoso.

Sobre a Fátima – Lançado em julho de 2018 sob a premissa de que todas as pessoas expostas a desinformação também merecem ter acesso à informação verificada, o aplicativo Fátima foi idealizado pelo jornalista e professor do Insper Pedro Burgos e pela diretora executiva do Aos Fatos Tai Nalon.

No Twitter, o perfil sincroniza um banco de alegações falsas ou distorcidas já checadas pelo Aos Fatos e mapeia automaticamente a rede social a cada 15 minutos em busca de posts com links desinformativos. Ao encontrá-los, dispara uma resposta para o perfil que compartilhou o conteúdo enganoso com um link para a informação verificada.

Fátima, que em 2019 faturou o Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados. também atua no WhatsApp e no Messenger do Facebook. Nessas plataformas, ela é um chatbot que conversa com os usuários, envia checagens e recebe sugestões de conteúdo para verificação.

0 0 votes
Article Rating
Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments