Em entrevista para Maurício Stycer, do UOL, Yan Boechat, especializado na cobertura de guerras, comentou sobre o trabalho de jornalistas enviados para cobrir conflitos e como isso afeta os profissionais. Ele está atualmente na Ucrânia, cobrindo a guerra do país com a Rússia.

O primeiro conflito armado que Boechat acompanhou foi em 2003, no Irã e no Afeganistão. Desde então, cobriu guerras e conflitos em Tunísia, Egito, Congo, Síria, Ucrânia, entre outros lugares. Morou no Iraque por dois anos. Segundo ele, o objetivo do jornalista de guerra “não é contar o que está acontecendo nos gabinetes, mas o que acontece na vida real, como impacta a vida das pessoas”. Em relação ao conflito atual, diz sentir-se “absolutamente privilegiado de estar aqui, tendo a chance de fazer esse pequeno rascunho da história”.

No domingo (13/3), ele fez o mesmo percurso que o documentarista americano Brent Renaud, morto a tiros nas proximidades de Irpin: “É muito triste, porque ele morreu de forma muita estúpida. Ele não estava numa situação de combate, ou na proximidade de um, se arriscando a fazer imagens numa área muito perigosa. Não. Ele morreu fazendo o que eu fiz hoje duas vezes e fiz várias vezes nos últimos dias e dezenas de jornalistas fizeram”.

Boechat comentou também sobre como lida com o medo. Segundo ele, o melhor a se fazer é manter a tranquilidade, mas “aceitar a ideia que pode dar errado”.

“Eu morro de medo. Hoje (13/3), por exemplo, estavam caindo muitas bombas em volta da gente. Nesses momentos, não tem muito o que fazer. Tem que manter a tranquilidade. E aceitar a ideia que pode dar errado. Se você não aceitar a ideia de que pode dar errado aí é que pode bater o desespero. Você não aceitar a ideia de que você pode morrer. Você não quer, claro. Mas, naquele momento, não tem muito o que fazer a não ser ficar tranquilo. E ter o cuidado de não tomar a decisão errada. Porque é muito fácil tomar decisões erradas nesses momentos”.

Ele falou também sobre encontrar colegas, como a segurança da imprensa está fortemente relacionada à quantidade de dinheiro e por que gosta de cobrir conflitos do tipo. Leia a entrevista na íntegra aqui.

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