Provocou grande impacto a reportagem especial de 16 páginas que Zero Hora publicou domingo passado (17/6). Em caderno intitulado Filho da Rua, os textos da repórter Letícia Duarte, fotos de Jefferson Botega e edição de Rodrigo Muzell relataram três anos de acompanhamento de um menino de rua, as dificuldades de devolvê-lo à família, o início do consumo de crack, os internamentos e as fugas das instituições de recuperação para as ruas, onde até foi vítima de uma tentativa de o queimarem vivo. Com autorização da 1ª Vara da Infância e da Juventude da Capital, desde 2009 Letícia acompanhou a jornada do jovem que, apesar do trabalho da rede de assistência social e da atenção da mãe, não resistiu ao apelo das ruas e das drogas. Reconstituída com dezenas de entrevistas, vídeos, fotos e mais de 300 documentos, a história mostra como as estruturas de proteção à criança são insuficientes para garantir que adolescentes em situação de risco tenham acesso a educação e cidadania. ?Foi um trabalho muito difícil e intenso. Que fenômeno é esse que o trabalho das redes sociais não consegue controlar? É muito mais complexo do que se pode imaginar. Uma apuração como essa desconstrói esses conceitos pré-estabelecidos. A sensação que tenho hoje é que estamos diante de um fracasso generalizado?, sintetizou a repórter. Com 31 anos, Letícia ganhou em 2002 o Esso de Jornalismo Regional Sul pela série Adolescência prostituída, publicada no mesmo ano no jornal Pioneiro, de Caxias do Sul. Trabalha em ZH desde 2003, onde conquistou outras distinções, como o Prêmio Iberoamericano pelos Direitos da Infância e da Adolescência na categoria HIV/Aids, concedido pela Unicef (2005), pela reportagem Herdeiros da Aids; e o Imprensa Embratel Regional Sul, pela série Os Rios Grandes do Sul (2007). Nesta 2ª.feira (18/6), o tema foi debatido no Painel RBS, programa especial transmitido por Rádio Gaúcha e TVCOM RS, com mediação de André Machado, em que participaram psicólogos, sociólogos, representantes do governo, Judiciário e Ministério Público. ?Espero que, a partir da publicação da história, a sociedade e os governos possam refletir sobre caminhos para resgatar outros tantos como ele?, concluiu Letícia.